quarta-feira, 1 de junho de 2011

Sem retorno


A morte é o premio que a vida nos dá
Por termos vivido
E se vivemos tão profundamente
Que gastamos a própria vida
Então a morte é uma morte conseguida
Porque sem retorno.
Ficam rostos perdidos na névoa da memória
Que já não existe
Ficam amores e cansaços
Deixados para trás
Como se nunca nos tivessem pertencido
Ficam sobretudo esses outros
Sem os quais a vida não nos fazia sentido.
Restamos nós de frente para o mistério
Face a face sem o negar
Mas também sem o querer entender
Afinal a vida chega e cansa suficientemente.
Os outros são sempre a esperança
Do que podiam ser mas não são
Nós, para eles, o mesmo
Resta o canto dos pássaros na manha clara
O céu despido de milagres
E esta ternura que nos acompanha sempre

É pouco? É muito? Não sei!
Só sei que para mim basta.

15 de Maio de 11
JC

Sem comentários:

Enviar um comentário