quarta-feira, 1 de junho de 2011

Do lado de fora


Estes carros que passam na avenida lembram-me os comboios de outrora com as pessoas lá dentro vestidas de domingo cheirando a água de colonia sem mistério.

Eles, cabelos empastados de brilhantina elas, de repente belas outras e diferentes. E eu sentado a vê-los passar em parte conivente porque a alma comove-se em parte indiferente porque aquela gente era outra gente e eu um ser distinto.

Sou ainda assim continuo do lado de fora das vidas que roçam a minha? O drama alheio é deles, soube-o sempre, o meu vivo-o à distancia de o sentir.

Mais do que isso era ser como deus na sua relação distante com o mundo. Mas eu não sou deus e se o fosse faria as coisas de outra maneira.

Misturava as cores fazendo-as indistintas os seres, porque afinal são todos iguais, as palavras porque dizer uma é dizer todas.

Quanto à alma deixava-a longe lá no firmamento para ninguem lhe poder tocar. Talvez assim fossemos felizes como os gatos e belos como as flores.

4 de Abril de 11
JC

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