Sempre os outros.
O seu apelo.
A janela que deita para a rua.
A rua que deita para a avenida.
Esta para o mar.
Este, ninguém sabe para onde.
Uma distancia que cega.
Uma dor que não permite viver, mas vive-se.
O apelo dos outros é omnipotente.
A sua realidade, visceral.
Na verdade é deus que o quer, que o diz.
Deus de um lado e o amor do outro.
Ou a saudade de o ter sentido
Os rostos importam. Muito.
O deslumbramento também. Imenso.
O amor por consequência. Sempre.
Tudo somado, é a vertigem ou a morte.
Às vezes ambas.
Porque o coração ergue-se rente a deus e deus acena-lhe.
Então apetece morrer.
Não porque a morte valha a pena
mas porque é uma porta
e do outro lado é o amor.
Nos outros nos ganhamos.
Às vezes, nos perdemos.
Não para eles, todavia, mas para o amor.
Também, não para o amor que lhes temos, isso nunca,
mas para o amor vivido em jeito de liberdade,
nos avanços e recuos do ser.
De repente o impossível.
Tu, deslumbrante de luz, senhora minha.
Novamente o sobressalto.
O coração ansioso.
A alma inquieta.
Sinais que se repetem, iguais ou parecidos.
Do outro lado um olhar distraído.
Desde então a tentação. Não assumida.
Assumi-la seria regressar ao amor.
Um amor possível.
Ora o amor é a impossibilidade.
Do outro lado da mesa o olhar do outro atento ou distraído.
Na verdade não importa.
Atento, é ainda outro, alheio o seu sentir ao que sentimos.
Distraído, é pior.
Como se não existíssemos,
como se não estivéssemos ali.
Mas estamos e damos conta.
O amor é o abismo intransponível.
A palavra por dizer.
A incerteza.
Não da carne alheia, mas da alma.
É a alma que escapa, que desafia,
que torna incertos os sentimentos e absurdas todas as certezas.
Há quem passe de lado.
Há quem se limite ao corpo.
Mas é estranho esse amor.
Setúbal, 6 de Setembro de 2010
JC
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
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