quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Falar da vida


Só te posso falar da vida e do que sinto perante ela: as nossas referências vem-nos do confronto entre o rochedo inamovível e a nossa coragem.
Em ti eu vejo as mesmas forças que me movem, a busca que também é a minha, e por isso falar de ti é também falar de mim. És como um espelho.
Agora tu! Que és tu? Eu vejo um coração ardente e apaixonado. Não por este ou por aquele, mas pela vida. Quanto aos que amas, são símbolos. Estão no exterior porque precisas de os ver fora de ti, mas na verdade o que te move és tu própria. É ao encontro de ti ou dessa parte tua, secreta e inacessível mas que é toda a razão para estares viva, que caminhas.
Depois há a luta: e quando te envolves já não sabes parar. Transformas os outros no símbolo do teu amor quando não o são nem podem ser. Só tu és esse símbolo. Só tu, se um dia te alcançares, te poderás deslumbrar.
O teu amigo que é ou foi, senão aquele onde colocaste tudo o que tinhas dentro de ti? Mas foste tu que construíste a relação, que a alimentaste, e por isso agora tens tanta dificuldade em te separares dele(a). É que não te estás a separar dele mas de ti ou daquilo que dentro de ti lhe deste. E deste-lhe o melhor que tinhas, que eras, que és: o amor absoluto!
É de ti ou desse ideal nele materializado que te tens de separar. E isso dói! Porque é como arrancar uma parte da alma. Eu sei! E todavia tens de o fazer. Por ti e por ele, mas sobretudo pela integralidade do amor. Porque o amor é o segredo da tua vida e esse dom tem de ser preservado.

10 Outubro 2006
JC

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